top of page

Vivência conta bastidores da oficina do grupo LOVE

Produção de zine artesanal começou em reunião na UFMA e terminou no Salimp


Carolina Sena

Maria Eduarda Santos

Mateus Farias


Em uma noite de quinta-feira do mês de outubro, em meio a conversas, risos, mordidas no pãozinho de queijo aqui e goles no refrigerante ali, ocorre mais uma reunião do grupo de pesquisa intitulado LOVE (Laboratório de Comunicação Visual e Edição Criativa), coordenado pela professora doutora Yara Medeiros, docente do curso de Jornalismo na UFMA.

Yara Medeiros (dir.) e os estudantes Maria Gabriela (centro) e Pedro Bertoldo (esqu.) durante os preparativos do Sibita (foto: Maria Eduarda Santos).


Nesta noite, em especial, o tema do encontro são as preparações para o Salimp (Salão do Livro de Imperatriz). Pela primeira vez, o grupo vai promover uma oficina para a produção de um fanzine impresso durante o evento literário: a revista cultural “Zine Sibita”.


Zine ou fanzine, é como são chamadas as revistas independentes digitais ou artesanais com o intuito de divulgar um tema, nesse caso, a cultura de Imperatriz e região. Sibita também o nome do mascote da revista, definido no site, como o “passarinho de contar sobre a cultura maranhense”. O nome escolhido para a personagem vem da expressão “Sibita Baleada”, apelido para pessoas muito magras ou com pernas finas, justamente as principais características do pássaro mascote.


– Eu trouxe revistas pra cortar, se vocês quiserem fazer na colagem – diz a professora Yara, sentando-se em volta da grande mesa de madeira junto com o resto dos integrantes.


­– Vai ter colagem hoje, é? – alguém pergunta.


– Pois é. Porque o Sibita… Zine… vai ficar pronto. Sábado [o lançamento ocorreu no domingo] que vem é o lançamento, então eu pensei que hoje a gente podia já começar a pensar 'como vai ser a capa’ – responde a docente.


Ela conta que além de organizar atividades criativas durante eventos, o grupo também discute sobre textos e trabalha com projetos de pesquisa.


­– Cada um se engaja em algum tipo de projeto de pesquisa. Aí, dependendo dos andamentos dos projetos, você se engaja em alguma coisa e pega uma função.


Dentro do discurso de tom suave e animado, logo a educadora retorna ao assunto inicial: a capa para o Zine.


– A capa do Sibita é sempre assim, só que o fundo é diferente. Eu acho que tem que ter alguma coisa a ver com livro, borda de livro… – diz Yara, expondo a capa de uma edição anterior.


– Eu pensei em fazer com o nome aí [Sibita] e aí atrás pegar um papel de livro rasgado e fazer uma textura colada e colocar o Sibita leitor – sugere o estudante Pedro Ítalo, enquanto olha algumas das revistas trazidas pela professora, que simpatiza com a ideia.


– Essa máscara já virou estilo de vocês, fala a real – brinca Yara, se voltando para outros alunos que usam uma máscara preta sempre que estão na faculdade.


– Já virou parte de nós, professora – eles respondem, fazendo todos rirem.


Nesse momento, entra na sala um rapaz de cabelos pretos, camisa cinza, e máscara branca. Seu nome é Marcus Marinho e, no grupo, ele é quem trabalha com edição gráfica. Logo atrás vem Natália Catherine, com rascunhos desenhados para enfeitar a capa do fanzine.


– Meu Deus, tem balinha! – exclama Natália, se dirigindo ao pote de doces em cima da mesa.


Pouco tempo depois, todos estão empenhados em produzir as colagens para montar a capa, enquanto casualmente compartilham ideias e acontecimentos da vida cotidiana. Exceto Marcus, que está no Laboratório de Edição, que fica ao lado, preparando o convite oficial para divulgação da oficina.


Não demorou muito para que a professora Yara fosse até o laboratório de edição, onde Marcus trabalhava concentrado no convite. Em meio às orientações sobre formas e detalhes do material, ela oferece um pouco da comida que trouxe, pois, o relógio marca aproximadamente, 20h40 e o jovem ainda não jantou. Porém, ele recusa a oferta.


Estética do card, produzido por Marcus Marinho, simula colagens nas cores preto e branco, com um toque de amarelo. (foto: Maria Eduarda Santos)


– Você vai acabar comendo todos os seus ossos – brinca a docente, trazendo um pacote de biscoitos. Mas vou te pedir para comer lá fora – alerta, já que não é permitido manter alimentos no local.


Então ela comunica que todos os outros na sala de reuniões já estão a caminho de suas casas.


No evento


Dia 1, 10 de outubro de 2022


São 15h30, numa pequena salinha apertada na maior feira do livro de Imperatriz. O calor domina o lugar, ainda mais por estar lotado de pessoas. Treze estão presentes. A sala é uma confusão de revistas, tesouras, papéis, lápis, canetas, borrachas, alunos em pé e outros sentados no chão. Há também uma mesa no meio, com mais materiais e revistas.

Alunos realizam recortes e colagens para o Sibita durante a realização da oficina do grupo de pesquisa Love. (foto: Mateus Farias)


– Pode colocar a bolsa ali. Tem um lugarzinho que dá para pôr as bolsas – diz a professora Yara Medeiros aos alunos que estão chegando na oficina, confusos devido à aglomeração do local.


Ela se volta ao grupo que estava presente, explicando, por meio de slides em um notebook, como deveriam ser realizados os fanzines do Sibita. O fanzine é uma revista física feita à mão. O grupo ao seu redor está em pé, todos em um canto da sala. Se ouve o folhear das revistas dos que estão sentados no chão, conversas ao redor de fora do estande e a música tocada no ambiente.


– Hoje a gente vai decidir a pauta e amanhã finalizaremos a colagem – explica a professora sobre o planejamento de realização da oficina. – Enquanto fala, Yara gesticula com os braços e faz também gestos com as mãos. – A prioridade é pegar imagens de contraste… – detalha sobre como devem ser feitos os recortes.


Logo após, o grupo que escutava atentamente se volta para a mesa no centro da pequena sala e começa a folhear as revistas. O cenário atual parece calmo, mas o calor, juntamente do amontado de itens, deixa tudo com um clima mais frenético. Todos presentes no local estão realizando alguma atividade.


Enquanto uns discutem a pauta que vão abordar, outros folheiam revistas, e os mais adiantados fazem recortes. A seleção de recortes é criteriosa, cada um escolhe o que mais se identifica. A sala continua cheia de recortes, uma bagunça prazerosa para os estudantes. Indivíduos de todas as idades são bem-vindos. Em um canto é possível ver uma folha A4 com desenhos do Sibita, mascote do projeto.


– Gente! Gostei do som! - diz Yara, enquanto se balança ao ritmo da música tocada nas caixas do evento.


O contato direto com o papel, a experiência nostálgica de uma prática que só é vista no em ambientes para as crianças, chama a atenção dos jovens que passam por ali. Alguns começam a se retirar da sala com o propósito de sair e ir embora. Ao perceber, Yara fala:


– Gente! Não é pra ir embora não! A gente ainda vai fazer a apresentação…


Todos retornam para a sala, com seus projetos em mãos, se organizando para o início da apresentação.


– Bora apresentar gente! Quem que vai ser o primeiro? – pergunta Yara, que, em seguida, explica como será o processo.


Logo uma dupla se dispõe a iniciar. O seu projeto tem o tema “Ler para crescer”, trabalhando a leitura infantil. Enquanto falam sobre a pauta, mostram a colagem feita. Agora é a vez de Marcus Marinho. Seu tema é “Leitura faz viajar”, e sua página apresenta colagens com detalhes em pincel preto. Outras duas participantes apresentam o “Mergulho Literário Clássico”, sobre obras importantes da literatura brasileira presentes no evento.

Colagem da dupla “Mergulho Literário Clássico”: a ilustração chamou a atenção dos presentes. (foto: Edmara Silva)

Yara chama atenção para a ilustração feita à mão da quarta dupla. A partir dos recortes de uma revista, elas representaram uma mulher mergulhando, gerando um efeito estético. Após a última dupla apresentar sua proposta sobre a literatura negra, Yara comenta o que ocorrerá a seguir.


– Podem levar, de repente vocês querem fazer algo em casa.


Ela está se referindo à finalização do projeto. Os integrantes poderiam levar para fazerem recortes e desenhos em casa caso quisessem.


Dia 2 (11 de outubro de 2022)


O mesmo estande hoje está diferente. A sala está mais organizada, dando até uma impressão de que é mais espaçosa. Também é menor a quantidade de pessoas presentes, o que ajuda a criar um clima mais suave. No lado esquerdo, em relação à entrada, um grande tapete acomoda uma mala, revistas e uma lente fotográfica. Sobre ele, três alunos trabalham e dois deles portam câmeras fotográficas.


A mesa, que no dia anterior estava no centro, hoje foi colocada no fundo da sala, com um notebook e uma cadeira onde está sentado o professor Alexandre Maciel, responsável pela correção dos textos. Ele permanece atento ao que se passa na tela do dispositivo, mas também às vezes conversa com a professora Yara, que acompanha as ações das alunas sentados no lado direito. Há uma pequena mesinha que segura uma impressora, conectada ao notebook.


– Gente! Alguém quer imprimir mais alguma coisa? Porque tem uma folha com espaço pra impressão…– pergunta Yara.


– Gente, que massa!


Quem comenta é a palhaça Jô Peteleco, admirando o lugar e o trabalho de todos presentes ali.


– Pessoal tudo fazendo os fanzines – responde Alexandre.


– Arrasaram! – conclui a palhaça, e se retira da sala.


O resultado dessa oficina com o lançamento do zine, você confere na reportagem de Bastidores:



Comments


bottom of page