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A força e a atualidade de Madam C.J. Walker

Racismo e o machismo permeiam história da primeira milionária negra americana


Maira Soares


A minissérie da Netflix A vida e a história de Madam C.J. Walker, dirigida por Kasi Lemmons e DeMane Davis e lançada em 2020 narra a história da primeira mulher negra a ficar milionária por conta própria nos Estados Unidos. A produção foi baseada no livro On her own ground, escrito por A’Leila Bundles, que buscou reconstituir o legado de sua trisavó e manter viva a história da família.


Unindo ficção com realidade em uma St. Louis de 1908, a produção audiovisual reconta a vida de Sarah Breedlove (interpretada por Octavia Spencer), que mais tarde ficaria conhecida como Madam C.J. Walker por causa do sobrenome do terceiro marido, Charles Joseph Walker. Dividida em quatro capítulos (A briga do século, Cada um por si, A garota Walker e Crédito para a raça), é perceptível que Sarah sempre se mostra uma mulher determinada a traçar o caminho de seus sonhos e dar uma vida melhor para sua filha, A’Leila Walker.



A obra começa mostrando sua vida como lavadeira e já com a autoestima destruída por causa de um relacionamento abusivo e a queda de seu cabelo. Quando Addie Monroe (Carmen Ejogo) aparece em sua porta e a ajuda a resolver o problema em troca de sua roupa lavada, Sarah quer tornar-se vendedora do produto que a salvou. Mas, ao ser rejeitada, ela resolve elaborar um produto próprio, com o poder de chamar a atenção de todas as mulheres e valorizar as suas belezas. A determinação ao começar a vender seus produtos de porta em porta, enfrentando as dificuldades de uma mulher abrindo um negócio, demonstram como empreender, ainda mais sendo uma mulher, era tão difícil nos anos 1900 e continua sendo até hoje.


Apesar de ser uma empresária do ramo de cosméticos para cabelos, nota-se como a elevação desse quesito faz com que as mulheres se sintam mais confiantes. Há também um outro fato importante para a época: o cabelo de uma mulher negra era uma forma de resistência e de luta contra opressões sociais. E a abertura da minissérie já indica a força desses símbolos: “Cabelo é beleza. Cabelo é emoção. Cabelo é nossa herança”.


Determinada a dar uma educação formal à filha, oportunidade que não teve, já que foi a primeira entre seus irmãos a nascer em liberdade e ter ficado órfã aos sete anos, Madam C. J. Walker empenha-se em construir um império no qual as mulheres negras seriam seu principal foco. A ideia era incentivar o empreendedorismo feminino, a independência financeira e o ativismo social.


Pontos importantes são colocados de forma sutil durante o enredo, desde o colorismo até o machismo arraigado na sociedade. Ao retratar como mulheres negras de pele mais clara possuíam privilégios e uma facilidade de conquistar seus objetivos mais rapidamente do que as de pele retinta, fica evidente como os assuntos abordados na virada do século XIX para o XX ainda persistem na sociedade. Além disso, as dificuldades que uma mulher enfrenta ao abrir seu negócio mostram como a narrativa possui força temática que gera debate.


Permeada por grandes temas e uma trilha sonora pontual, a minissérie da Netflix apresenta trechos da vida de Madam C.J. Walker e a destaca como a primeira milionária negra que conseguiu expandir seu negócio e enriquecer por conta própria.









Minissérie em 4 episódios: A vida e a história de Madam C.J.Walker

Direção: Kasi Lemmons e DeMane Davis

Criação: Nicole Jefferson Asher, A'Lelia Bundles

Ano: 2020

Onde assistir: Netflix

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