Diversidade, talentos e conquistas dos artesãos
Centro de Artesanato de Imperatriz se renovou durante a pandemia
Ana Lectícia Bandeira
Déborah Costa
“É tão bom quando a gente faz um trabalho e é reconhecido”, diz Lucilene Lucena, imperatrizense, artesã e vice-presidente da Assari (Associação dos Artesãos de Imperatriz). Atualmente a entidade possui 207 profissionais do ramo cadastrados e tem como objetivo principal a valorização da cultura local.
Inaugurado em 16 de junho de 2008, o Centro de Artesanato possui hoje 29 boxes e mais de 30 artesãos que tiram sua renda e movimentam a economia da cidade. Lucilene informa que os artesanatos mais típicos e comercializados no local são o crochê e aqueles mais rústicos, com base em cerâmica, fibras e sementes. "Os que remetem à nossa cultura são os mais vendáveis, como boleiras, porta-chaves, vasos e potes em cerâmica".
Durante a pandemia da Covid-19, o Centro de Artesanato ficou fechado inicialmente por um semestre, em 2020, e passou por uma reforma nos meses de janeiro a maio de 2021. “Esse período de pandemia, a princípio, ficou muito ruim, foi bem difícil. Mas, em compensação, a gente teve muita ajuda do governo. Nós recebemos cestas básicas e foram abertos editais a todos os artesãos, não só da nossa cidade, mas de todo o Maranhão. E tivemos a reforma do Centro, que melhorou o telhado e a climatização”, informa a vice-presidente da Assari.
Outra questão que prejudicou durante a pandemia foi o fato dos artesãos terem sido impedidos de expor seus trabalhos em feiras, bem como serem visitados por universidades, escolas e turistas.
“Ficar distante do Centro foi muito ruim, pois estávamos acostumados a ir para eventos. A gente gosta de ver pessoas, quer estar junto, mas se Deus quiser estamos voltando ao que era”, destacou Nilson Henrique, artesão do Centro. Nilson trabalha com pirografia, desenho na madeira com o pirógrafo, uma espécie de caneta de fogo, cortinas em macramê, porta-chaves e miniaturas de cozinhas antigas. Para ele, o artesanato representa três coisas: profissão, amor e carinho pelo que faz.
Em uma visita ao Centro de Artesanato é possível ver trabalhos sendo confeccionados (foto: Ana Lectícia Bandeira)
Produtos como linha, agulha, tesoura, miçangas e diversos outros são materiais utilizados pela artesã Flôri Silva para produzir à mão seus artigos de crochê e vendê-los no Centro. O material é este. Agora, a criatividade de inventar o que vai sair dali com intuito de comercializar é um elemento a mais. Flôri está no ramo do artesanato há mais de 40 anos, mas somente há seis se filiou à associação. Ama fazer o crochê e começou a se dedicar mais na gravidez do filho, que hoje tem 40 anos de idade.
De lá pra cá, continua com a atividade manual para ocupar a mente. Para ela, o artesanato é definido como uma restituição, recuperação e abastecimento de energia. “A pessoa que trabalha com artesanato faz com amor, faz porque gosta, porque não é um fim lucrativo, pois viver somente do artesanato hoje é muito difícil”, afirma dona Flôri.
A principal ferramenta do artesão são suas mãos e o diferencial é a criatividade. O valor pago a um artesão pelo serviço é resultado de muito esforço e carinho depositado em cada produto.
São muitas décadas de profissão e Dona Flôri garante que é preciso gostar muito. “Aqui a minha principal inspiração são as coisas básicas do dia a dia, como terço, faixa de cabelo, cintos, tapetes para cachorro”, informa.
Durante a pandemia e o período que o Centro esteve fechado, os artesãos não se distanciaram, estavam sempre conectados e motivados a se ajudarem. Produziram bastante em casa e não pararam seus trabalhos.
A movimentação está retornando aos poucos, mas o que eles esperam é que nunca falte união, criatividade e solidariedade entre eles. “Aqui ninguém perde venda, se eu não estiver no box, alguém vem e vende pra mim e isso nos faz mais fortes e unidos”, considera a artesã.
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