Cliques celebram liberdade feminina
Ensaio intimista incentiva o autoconhecimento das mulheres
Cristiane Miranda
Nathalie da Costa
Em uma sociedade na qual o corpo feminino é padronizado e objetificado, é preciso que haja um processo de naturalização e aceitação. E uma das formas de fazer isso acontecer é por meio da arte única da fotografia. Ela captura do mais simples sorriso à liberdade da alma.
A fotógrafa da Bela Flor Produtora, Jéssica Lima, acredita que o seu trabalho ajuda a fortalecer a autoestima das mulheres. “Elas não se enxergam da forma que eu vejo através das lentes. Então elas se surpreendem com o resultado”. A profissional conta que faz ensaios de debutantes, gestantes, familiares, infantis e que já realizou cerca de 20 ensaios intimistas.
Este tipo de ensaio, segundo Jéssica, é feito em um lugar que a mulher se sinta segura, um ambiente íntimo que pode ser o próprio quarto ou até mesmo a sala de casa. “O principal objetivo é que a mulher se sinta e veja através do nosso olhar que ela é incrível, de uma forma que ela nunca se olhou, o que afeta positivamente a autoestima”, destaca Jéssica Lima.
A empresa britânica Kantar lançou, em 2021, o estudo What Women Want, que aponta a autonomia corporal da mulher brasileira como um dos aspectos mais importantes na construção da autoestima, com 23% de relevância. O ensaio intimista enaltece a beleza e estimula a liberdade e o empoderamento feminino, além de promover o autoconhecimento.
Autodescoberta
A jornalista Cyarla Barbosa Nascimento conta como foi fazer o ensaio intimista. “Ficaram lindas as minhas fotos, acho que até o momento é o ensaio mais lindo que já fiz. É o ensaio que me deixou mais livre, que me deu a liberdade fotográfica, até de expor um lado meu que até o momento não tinha sido explorado”.
Cyarla destaca ainda que o ensaio intimista é uma forma de naturalizar o corpo da mulher, principalmente diante de uma sociedade que impõe padrões de beleza e objetifica o corpo feminino. “A sociedade, em si, sempre vai olhar o corpo da mulher como algo que deve ser coberto e, quando é exposto, está sexualizando, sensualizando, traindo. Todas essas besteiras que a gente ouve por aí em relação ao nosso corpo”.
Para Cyarla, o ensaio intimista estimula outra forma de pensar essa questão. “Mostra a beleza natural da mulher, que ela possui ali, na sua simplicidade, do seu modo, do seu jeito”.
"É o ensaio que me deixou mais livre", comenta Cyarla Barbosa. (fotos: Jéssica Lima)
O ensaio fotográfico capta, além da beleza física, o olhar como a janela da alma. A enfermeira Tatiane Pereira Cruz expressa como o ensaio intimista a fez se sentir: "Vaidosa! Com minha autoestima despertada, tive mais prazer em cuidar de mim”. E foi importante para ela “reconhecer que a beleza não é padronizada”.
Muitas vezes, as várias fases que o corpo feminino passa não são valorizadas. Para Cyarla, o registro dessa etapa da vida foi importante. “O meu corpo sofre mudanças, mas ainda assim vejo a minha beleza”. Para a jornalista, o ensaio fotográfico é um momento único, assim como a experiência de ser modelo por um dia. “O quanto aquilo foi marcante, de olhar para mim e dizer: ‘Cara, eu sou muito gostosa!’”.
A enfermeira Tatiane aproveitou a oportunidade e deixou um recadinho para as mulheres que têm vontade de fazer o ensaio intimista, mas que ainda se sentem intimidadas com o próprio corpo ou com medo do que a sociedade pode pensar ou dizer. “Aconselho para qualquer mulher fazer o ensaio intimista, é uma assinatura contra as imposições da sociedade em relação à beleza feminina. Não ter medo e nem vergonha. Quando ver o resultado se sentirá liberta”.
Komen