Fotografia como percepção e sentimento
Fotógrafos comentam sobre os caminhos da produção e criação
Enia Ocean
Giulliane Andrade
A fotografia é o registro de momentos felizes, históricos e únicos. Mas para algumas pessoas ela, mais do que um clique, é um legado. O fotógrafo Jefferson Carvalho foi influenciado desde criança pela mãe, outra amante da fotografia. Ele se via o tempo todo rodeado de álbuns pela casa, além de ser, é claro, o modelo favorito dela.
Além do convívio diário com a fotografia, Jefferson diz sempre ter tido o apoio moral e financeiro da família. Graças à relação de amizade existente entre eles, o fotógrafo comprou sua primeira câmera com a ajuda do pai, que na época emprestou o dinheiro. “É muito caro o investimento para ser fotógrafo, porque não é só ter equipamento, precisa ter bagagem, percepção e estudo”, comenta Jefferson.
Jefferson Carvalho (esq.) transitou por vários segmentos até apaixonar-se pelo mundo fashion. (fotos: divulgação)
Embora ele trabalhe com algo que ama, a fotografia apresenta obstáculos que poucos conhecem. É comum haver dificuldades para adquirir e manter um bom equipamento, de encontrar o seu estilo fotográfico ou até mesmo ser pago de maneira justa pelo seu trabalho. A paixão pela fotografia levou Jefferson, que trabalha com ensaios e cobertura de eventos, a experimentar um pouco de cada segmento até descobrir-se apaixonado pelo mundo fashion.
Jefferson já completou 10 anos de carreira e durante a pandemia da Covid-19 manteve o isolamento social, fazendo poucos trabalhos. “O que me salvou de certa forma foi a música, porque atendi alguns editais da epidemia em 2021”, explica, referindo-se a contratos para registrar eventos musicais.
Atualmente, o fotógrafo trabalha com uma equipe especializada em figurino e cenário, pontos que são muito importantes para a foto, pois elevam a qualidade e percepção da imagem. “A gente tenta vender além de fotografia. A gente tenta vender universo, elevação de autoestima”, explica o fotógrafo.
Inspirações
O fotógrafo Wescley Aquino trabalha com fotografia de moda e com o universo cultural. “Eu consigo transmitir mais sentimento através dessa área da fotografia”, identifica-se. Ao conferir o trabalho percebe-se a dedicação na produção do registro, já que o ambiente, a modelo e as cores prendem a atenção.
Em oito anos de carreira como fotógrafo, ele adquiriu uma bagagem profissional que o levou a trabalhar em outras cidades, como Belém (PA), onde Wescley fotografou o ensaio do grupo de dança Pasárgada, além de São Luís (MA), Natal (RN) e São Paulo (SP).
Fotógrafo Wescley Aquino (esq.) gosta de se conectar à arte para fugir do tumulto diário. (fotos: Wescley Aquino)
O profissional comenta como se sente feliz por ter conseguido realizar um trabalho mais cultural por meio da fotografia, aproximando-se do campo da música, outra área que aprecia. "Desenvolvi um projeto para retratar fotograficamente algumas músicas que eu me identificava ou que eu gostava. E uma delas foi ‘Geni e o zepelim’, de Chico Buarque," relata o fotógrafo.
O que inspira Wescley a continuar é o misto de sentimentos que ele vive ao fazer um ensaio, as infinitas possibilidades que ele encontra para registrar uma bela imagem. “A fotografia é um mundo mágico, ela é uma fuga da loucura do dia a dia, então ele se desliga do mundo e se conecta à arte”, define.
Durante a pandemia, Wescley teve que se adaptar e inclusive fez alguns ensaios on-line para tentar manter as suas atividades. “Sempre tentei me reinventar neste mundo caótico”, explicou. Os ensaios adaptados ocorreram ou via Skype ou pelo próprio smartphone. “A única dificuldade era ter uma internet muito boa para capturar uma imagem legal. A gente praticamente ia tirando print da tela e foram resultados até bons, uma pegada diferente. Eu consegui fazer uns três ensaios desse jeito e ficaram bons os resultados”.
Com a liberação das regras sanitárias, os ensaios estão retornando ao modo presencial. Ele ressalta que embora a fotografia fashionista seja mais comum nos grandes centros, em Imperatriz a moda está muito presente, o que às vezes passa despercebido. “Então é o ramo que eu quero sempre estar mergulhado e quero fazer parte desse nicho”.
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