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O olhar humanizado de Daniel Sena

Fotógrafo gosta de registrar o cotidiano com sensibilidade

Larissa Silva

A fotografia é registro de histórias, paisagens, ações e, principalmente, fonte de renda para muitos fotógrafos em Imperatriz. Daniel Sena, profissional na área, conquistou admiradores na cidade não só por causa do aprimoramento técnico, mas também pelo talento do seu trabalho. Com o seu olhar humanizado, ele captura a beleza e o encanto que sente pela fotografia. E por onde passa procura fazer registros na sua forma natural e verdadeira.

Sua relação com as imagens começou bem cedo. O pai de Daniel Sena comprava câmeras para filmagens caseiras, ele cresceu no meio dessas máquinas. Com seis anos, já sabia manusear seu futuro instrumento de trabalho. Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, veio para Imperatriz ainda pequeno, em 1995, aos 12 anos. A segunda maior cidade do Maranhão o deixou fascinado.


Primeiro paixão, a fotografia se tornou amor e a busca para se profissionalizar não parou. Foram tantas tentativas de aprofundar o conhecimento, que resolveu entrar e passou no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), de olho especificamente na disciplina de Fotojornalismo. Daniel sabia que só assim conseguiria conhecimentos aprofundados no mundo dos registros. Inicialmente seu interesse era por filmagens, por influência do pai. Mas foram muitas mudanças de planos no decorrer do curso.


Aprendizados


Daniel Sena conheceu Rosana Barros, também fotógrafa, aluna de jornalismo na época e hoje servidora técnica do curso, e ela o ajudou a se profissionalizar na fotografia. Com o aprendizado e a parceria, criaram o site Imperatriz Fotos, para publicar as imagens feitas por ambos. Tiveram ainda, um blog e perfis nas redes sociais, como Instagram e Facebook.


Daniel acabou assumindo sozinho o site posteriormente, com o nome de Livre Imperatriz Fotografias, o mesmo de uma escola criada por ele. Por causa da pandemia da Covid-19, a página deixou de ser atualizada em 2020, mas seu conteúdo continua disponível no Facebook. No Instagram, o perfil do fotógrafo é o @danielrsena, que remete a fotos nostálgicas do passado, mas também traz retratos do dia a dia do imperatrizense e instantâneos pessoais bem-humorados.


Sensibilidade


Em meio à era digital, muitas pessoas usam os celulares para tirar fotos e lançam mão de filtros, edição e truques de Photoshop. Sena prefere imagens sem efeitos. Diz não ter habilidade com esses recursos tecnológicos. O gosto pelo que é natural diante dos olhos acaba sobressaindo. Ele aprecia observar e captar momentos que só o fotojornalismo é capaz de mostrar.


Como todo profissional, passou por momentos de alegria, mas também alguns constrangedores. Fotografou eventos, aniversários e até uma passagem delicada de um parente querido de uma amiga, que queria um último registro da mãe. Apesar de ter capturado com as lentes da sua câmera instantâneos planejados, o que mais lhe chama a atenção são as imagens espontâneas e humanizadas.


De tanto fazer registros inesperados, fotografou o conhecido professor Antônio Frazão, da Uemasul, com sua moto em movimento. No instante da fotografia ele ficou “congelado”. A foto de imediato parou na mão do professor, que a comprou e o contratou para ser fotógrafo de toda a família, em todos os eventos. Frazão faleceu de Covid-19, em abril de 2021.


Além de produzir imagens comerciais, Daniel sempre gostou de fotografar os amigos e ambientes que são belos e que lhe chamam atenção na cidade, sem compromisso financeiro.


Toda essa paixão já lhe rendeu sonhos, como viajar pelo mundo. Na verdade, não chegou a cruzar os mares, mas pretende preencher o mapa que tem tatuado no corpo. Alguns lugares já estão presentes na pele, como muitos estados do Nordeste e alguns países como Venezuela, Uruguai, Argentina e Chile. O sonho de fechar o mapa de viagem pelo mundo impresso na pele segue firme.


Ensino


O que aprendeu, Daniel resolveu compartilhar com crianças, adolescentes e jovens da cidade. Principalmente para aqueles que não possuem grandes recursos, mas que querem aprender. Antes da pandemia da Covid-19, Daniel ministrava minicursos em universidades, levava conhecimento e exemplos de fotos autorais e criou a Escola de Fotografia Livre Experience.


As aulas eram realizadas na rua, com os alunos de câmera na mão, observando e registrando o entorno. Conseguiu formar quatro turmas, teve que interromper as atividades por causa da pandemia da Covid-19, mas está fazendo planos para voltar.


Daniel Sena cita entre suas fotos mais importantes, a imagem que fez do ex-presidente Lula, em uma de suas passagens pelo Nordeste, pouco antes de ser preso, em 2018. Para ele foi um momento único que jamais conseguirá reviver. A imagem está guardada com delicadeza em seus arquivos.


Escolhas afetivas


Com todo carisma, Daniel Sena segue o caminho a produzir imagens que passam sentimentos. Ele escolhe, a pedido da reportagem, quatro delas, que considera mais bonitas. A primeira foi feita na Beira-Rio, em Imperatriz, antes da reforma, que ocorreu em 2017. Os moradores mais antigos conhecem o local, era um banco em formato de 'S', que foi retirado, assim como as árvores. O sol se pôs e a lua estava acima dos galhos de duas mangueiras.


Ele esperou até a lua se encaixar em um espaço sem galhos da árvore. Nos bancos estavam casais de namorados e esse registro encanta Daniel, pois a imagem tem uma memória afetiva de um lugar que não existe mais. “É difícil escolher fotos e dizer que tem uma mais especial que a outra. Para mim e minha construção como profissional e como pessoa, cada imagem representa algo importante”, comenta.


A segunda escolha foi registrada em uma viagem que fez para o interior do Maranhão, ao município de Vargem Grande, para conhecer a comunidade quilombola Rampa, na qual teve uma das melhores experiências da vida. A foto é sobre o empoderamento feminino. Foi quando, por acaso, descobriu que as meninas quilombolas tinham seu próprio campo para jogarem e treinarem.



A terceira imagem é de uma cirurgia de um parto cesárea. Para ele, foi a primeira e única vez que viveu essa experiência na sua profissão e conta que ficou nervoso. “Fotografar um parto não é uma coisa tão simples. É muito cheio de emoções, a gente se envolve, fica com medo de errar, de perder algum momento que não vai se repetir. Querer fazer o melhor, mas em contrapartida é só emoção boa também”.



A quarta é a mais recente, uma foto que ficou bem conhecida, saiu no jornal da cidade, O Progresso, e ganhou vários compartilhamentos nas redes sociais. A imagem é de uma garotinha sendo acalmada por uma assistente social no Hospital de Campanha para atendimento de pessoas com suspeita de Covid-19. Daniel também estava esperando por uma consulta. “Fiz um registro de uma cena linda e isso me marcou bastante. Para mim, ali, foi uma cena de esperança”.



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