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Okazajo: 21 anos de sátira e comédia

Grupo traz o cotidiano e a crítica social para os palcos desde 2002


Cleide Santos

A melhor comédia do mundo! marcou o retorno do Okazajo aos palcos, com sessões lotadas. (foto: divulgação)


A Cia Teatral Okazajo voltou aos holofotes após ficar cerca de um ano longe dos palcos. Na primeira sessão, a casa lotou e as gargalhadas explodiram de novo com uma nova versão do espetáculo A Melhor comédia do mundo!, com os temas: O velório da Socorro + A operação dos joguinhos. Na peça, a dona de casa Socorro cria uma estratégia para confrontar o marido, que sumiu com o dinheiro da conta conjunta. Os atores brincam com as histórias do cotidiano dessa família imperatrizense. O espetáculo, que também foi apresentado com sucesso em Açailândia, é carregado do humor escrachado do grupo, sempre com o foco na diversão, no improviso e na comédia.


A pausa nas apresentações, e até dos ensaios, não foi em decorrência do clássico dilema de ser ou não ser. A questão, na verdade, era uma equação financeira de difícil solução: uma multa da Agência Nacional do Cinema (Ancine), sobre a exibição irregular, nos cinemas, do filme Crepúsculo: boca da noite, parodiando o clássico de vampiros adolescentes, com muito humor e características típicas de Imperatriz. O problema foi resolvido pelos integrantes da companhia e agora eles voltam aos palcos com novidades.


“Em dezembro, teremos uma releitura de um espetáculo nosso, que é um clássico da TV Okazajo. E uma releitura do Os chei de graça, com uma nova roupagem, para comemorarmos o nosso aniversário de 21 anos”, anuncia Rogério Benício, diretor, ator e autor da companhia.


O ator Daylson Honorato, 35 anos, que tem uma longa história no Okazajo, disse que foi extremamente gratificante retornar aos palcos. Os integrantes não esperavam um público recorde, com duas sessões superlotadas, seguidas de mais duas no final de semana seguinte. “Não somos um nome muito esquecido na cidade. Ou seja: mesmo que fiquemos meses ou até um ano sem apresentar, sempre teremos o nosso público fiel. E isso nos motiva!”. Daylson diz que o grupo tem como objetivo alcançar novos voos, apresentando-se em outras cidades e levando o nome da trupe e de Imperatriz para mais longe.


Segundo o diretor Rogério Benício, a companhia é conhecida por suas sátiras a contos de fadas e clássicos da TV. Em todos os espetáculos eles abordam o cotidiano, as mazelas sociais e a rotina popular. “O nosso grupo é uma sátira, um teatro de patifaria e de comédia, que traz na sua roupagem enredos no cotidiano e das rotinas familiares, uma crítica social”. Nas falas, há menções às ruas, personagens e lugares de Imperatriz.



Para Rogério, o segredo do sucesso está na identificação do público com as histórias, levando o simples e o popular para o palco, mas hoje ele admite que o grupo já cometeu alguns erros de abordagem em suas experiências de humor satírico. “O Okazajo veio se moldando, se educando e com isso, evoluindo. Durante essas duas décadas, continuamos a ser um símbolo no teatro de comédia que nos faz rir de nós mesmos e refletir sobre a sociedade em que vivemos.”


Uma marca do grupo são as improvisações no palco e, por isso, às vezes, os atores e atrizes não conseguem segurar o riso junto com a plateia. Rogério classifica alguns dos espetáculos, como A melhor comédia do mundo, TV Okazajo, B.O. e Os chei de graça, com um percentual de 60% para o improviso.


Gil Ferreira, 33 anos, está na companhia há 10, e confirma que a liberdade para o improviso é tanta, que às vezes são pegos de surpresa por um colega, mas reforça que todos sempre seguem um roteiro base, que ela procura decorar para ficar mais segura. Sua primeira personagem, Peteca, no espetáculo No reino do Bacuri, ficou marcada na sua mente, pois agradou muito o público na época. “O Okazajo, para mim, é o verdadeiro significado da arte”, define.


Origens


Fundada em setembro de 2002, a Companhia Teatral Okazajo deu início as suas atividades com o projeto Teatro na Escola, segundo lembra o livro Palco iluminado: histórias do teatro em Imperatriz, da jornalista Kalyne Cunha. Uma história que teve início nas mãos talentosas de Isa Makwen, a fundadora do grupo.


Ela era uma produtora cultural na cidade naquela época e foi desafiada a montar uma peça de teatro para as celebrações de Natal na Praça de Fátima. Isa tinha uma habilidade especial para dar vida às histórias, e as pessoas frequentemente a procuravam para criar performances memoráveis, como relata a obra.


Diante dessa demanda crescente, Isa decidiu criar um grupo teatral. Visitou escolas e convidou alunos e adolescentes a fazerem parte desse projeto. Reuniu um grupo dedicado e começou a ensaiar arduamente para a sua primeira apresentação.

O auto de Natal foi um sucesso, marcando assim o início oficial da Cia. Okazajo, conforme relata o livro-reportagem.


A data fundadora, dia 27 de dezembro de 2002, tornou-se um marco na história do grupo, que se mantém fiel às suas origens até hoje. O primeiro espetáculo, Conflito de adolescente, produzido por Isa, acabou não sendo apresentado, porque ela teve que ir embora para a Espanha. Com a saída de Isa Makwen, os membros da linha de frente do grupo chegaram a pensar que se tratava do fim do Okazajo. Mas Rogério Benício, conforme relatou a Kalyne Cunha, tinha o sonho de ser um ator reconhecido, não desistiu e continuou com a trajetória da trupe até hoje.


Antes de subir aos palcos, o grupo tem um ritual. Fazem as orações do Pai Nosso e da Ave Maria e dão o grito de guerra “Okazajo”, unindo as mãos e jogando pra cima. Hoje o grupo é composto por Rogério Benício (diretor, autor e ator), juntamente com Whallassy Oliveira, Evaldo Lima e Yago Cortez. Também integram o elenco Jaqueline Aquino, Thales Rafael, Gil Ferreira e Daylson Honorato. Há também a participação especial de Maciel Max, que às vezes se junta ao grupo.


Na equipe de produção, destacam-se Ceizão Júnior, Tarley Gomes e Lindemberg Freitas, que trabalham nos bastidores para garantir que cada espetáculo seja especial. A direção executiva e comercial é liderada por Anderson Bandeira.


Entre os espetáculos que se destacam estão:

Tv Okazajo, A casa, Cinquenta tons de taca, Músicaos – bastidores de uma comédia musical, Os chei de graça, Rhuan, Romeu e Julieta, Mundirela, a Cinderela maranhense, Titanic – da Sumaúma ao Embiral e, é claro, A melhor comédia do mundo!.


Estes são apenas alguns exemplos das produções apresentadas pelo Grupo Okazajo ao longo de sua história de sucesso.



*Errata: O título original dizia 20 anos de sátira e comédia ao invés de 21 anos. Informação atualizada em 28/12/2023.

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