top of page

Representatividade LGBTQIA+ brilha no tablado junino

Categoria “Rainha G” nas quadrilhas é modo de superar preconceitos


Paula Lorrana Cardoso Pacheco


Desde o primeiro dia de junho até o fim do mês, permanece vibrante a energia das festas de São João em todo o Nordeste. A ideia de inserir a representatividade LGBTQIA+ na quadrilha junina surgiu quando alguns brincantes que tinham vontade de dançar de dama não encontravam uma chance.

Mickaella venceu concurso regional como melhor Rainha G. (foto: divulgação)


“A gente deu oportunidade pra quem queria dançar de dama. E a partir do momento que abrimos essa porta aqui no Maranhão, outras quadrilhas quebraram meio que esse preconceito e aceitaram”, relata o empresário artístico e diretor executivo da junina imperatrizense Arrasta Pé, Alison Rodrigues, 31 anos.


Dançar e participar de uma quadrilha junina são manifestações artísticas que trazem alegria e marcam a vida das pessoas. “A dança é tudo para mim, inspiração, motivação, superação”, diz a maquiadora e professora de dança, Mickaella Estella, 23 anos, que também é drag queen, cantora e DJ. Ela participa de quadrilhas juninas há seis anos e levou o título de melhor Rainha G no Concurso Maranhense em 2018.

A comunidade LGBTQIA+ é um grupo que sofre com falta de respeito e ofensas preconceituosas vindas de alguns setores conservadores da sociedade. “Às vezes vem de dentro do próprio grupo junino, de brincantes de outras juninas ou até mesmo de espectadores”, desabafa a dançarina.

Desde o início, existe todo o trabalho de pesquisa e estudo para se tornar a rainha gay. “É a defesa de uma classe que ajuda a compor todo o meio junino. Desde o maquiador que é homossexual, a transexual que dança na quadrilha, ou o coreógrafo, que é LGBT também”, ressalta Mickaella.


Para ser uma rainha gay é preciso pesquisa e dedicação para compor a personagem. (foto: divulgação)


Os brincantes se preparam para as apresentações com uma rotina de ensaios de, em média, seis meses antes do evento. “Os ensaios geralmente são nos finais de semana, às vezes começam na parte da tarde, por volta das 16 horas e vão até as 21 horas”, conta o assistente administrativo e dançarino, Willian Bryant, 26 anos, brincante em quadrilhas juninas desde 2016.

Arraiá da Mira 2022

Imperatriz sedia o tradicional Arraiá da Mira, promovido pelo Grupo de Comunicação Mirante, considerada a principal festa junina com concurso de quadrilhas da região. Comidas típicas, danças e fogueira são elementos essenciais que não podem faltar. Entre os santos cultuados mais populares estão São João, São Pedro e Santo Antônio, conhecido como o santo casamenteiro. No Maranhão há ainda os festejos bastante particulares, como o do Bumba Meu Boi, com a apresentação de diversos grupos, principalmente na ilha de São Luís.

Após dois anos sem realizar a tradicional festa junina devido à pandemia da Covid-19, o Arraiá da Mira aconteceu do dia 8 a 13 de junho deste ano, no estacionamento do Imperial Shopping de Imperatriz. A quadrilha junina Arrasta Pé foi a campeã do concurso, levando o prêmio no valor de R$ 12 mil e se tornando tricampeã do arraiá.

"É uma sensação indescritível, já fazia sete anos que eu dançava na Arrasta Pé e esse é o meu primeiro título, então tem um gostinho a mais, especial, dentro de mim. Um misto de sentimentos que só quem vive sabe explicar", expressa o brincante Willian Bryant sobre a felicidade de serem campeões.

Com o tema "Toda tua, pedaços roubados de mim", a junina trouxe a história de uma mulher traída, a noiva, interpretada pela bailarina e coreógrafa Bruna Viveiros, que no enredo sofria violência do marido. O público ficou impressionado com a narrativa, principalmente quando a personagem quebra o ciclo de maus tratos e casa-se com Lampião, se tornando Maria Bonita.

A apresentação campeã da junina Arrasta Pé está disponível no YouTube, no seguinte link: (https://youtu.be/5FLgLnrxPtg)





תגובות


התגובות הושבתו לפוסט הזה.
bottom of page