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Um susto na Broadway

Lenda de "aparição" na boate que deu o que falar


Andréia Liarte

Alexandre Maciel


Diz a lenda que tudo aconteceu em uma festa agitada, em meados dos anos 1990, em Imperatriz, na boate Broadway. O local, um dos mais badalados da cidade, estava lotado como de costume. Dá para sentir, por um vídeo da época, do acervo de João Bosco Brito, como as noites eram animadas no lugar neste vídeo: (https://youtu.be/dL8FliZAGxY).


Ilustração: Fernando Aquino


Entre uma música eletrônica ou uma lambada, as luzes apagaram. As pessoas se assustaram e quando acenderam de volta, apareceu bem no meio da pista um homem bem vestido, com um chapéu esquisito. Quando tirou, os chifres surgiram em sua cabeça, causando medo e euforia. As pessoas que dizem ter presenciado o momento, contam que ele correu para um dos banheiros e escreveu com letra elegante, em vermelho sangue: EU VOLTAREI.


A narrativa que corre de boca em boca é que o fato causou pânico geral. Algumas pessoas enlouqueceram, outras buscaram proteção divina. Uns passaram mal. Existem relatos de que o local perdeu clientes por conta do ocorrido e muitos dos frequentadores ficaram traumatizados e nem falam sobre o assunto.


Muitos imperatrizenses não acreditam que isso aconteceu. Assíduo frequentador no período, o instrutor físico Max Silva, que tinha 17 anos na época, atribui a lenda ao surto de uma mulher que teria usado muito lança-perfume. “Naquele tempo usavam muito essa droga. E daí ela inventou essa história de que viu o diabo na Broadway, saiu doida, correndo lá. Ela surtou nesse dia. Daí ficou esse comentário por muito tempo na cidade. Ela deve ter visto o diabo, mas eu não tinha medo do diabo não, todo sábado eu estava lá”, conta, rindo.


A história do “moço bonito que vestia uma impecável roupa preta” que surgiu na pista de dança sem ninguém ter visto entrar, “avistou uma moça virgem e logo tentou atrair sua atenção”, já tinha aparecido na primeira edição do Zine Sibita, publicada em junho de 2015. Na época, o repórter Fernando de Aquino ouviu outra frequentadora da Broadway, Luciana Sousa. Como Max, ela não tinha medo do diabo não. “Depois que a história se espalhou minha mãe não deixava ir a boate, tinha que ir escondida, mas todo mundo ficava apreensiva. Eu nem tinha medo, minha vontade era de ver o Caboco”, lembrou Luciana.


Outros não arriscam nem a falar sobre o assunto por causa do medo. Existem aqueles que desconfiam que todo esse boato foi inventado pela concorrência, porque o local era o mais frequentado da cidade. Max confirma que essa outra versão de sabotagem também circulou na época.


Mas tal figura deve ter circulado muito pelo Brasil, em décadas diferentes, pois uma busca simples no Google “diabo na boate”, remete a histórias semelhantes na casa Wiscadão, nos anos 1980, em Passo Fundo (RS), como lembra o vídeo de Ana Caroline Haubert (https://www.youtube.com/watch?v=t-6SlAcdLxI).


O capeta também deu uma passada na Lua Azul, no Acre, já no início dos anos 2000, recorda a Coluna do Astério. Também é a estrela do documentário “A moça que dançou com o diabo”, produzido por acadêmicos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=92A6nTxbm8k.


Em comum, um misto de censura religiosa e moral, pois geralmente o capiroto corrompia moças crentes ou surgia em dias considerados proibitivos para festas “profanas”, como da Semana Santa.


A Broadway acabou fechando anos depois, não por causa do diabo, é claro. Hoje, no mesmo local, existe uma loja. Há quem diga que ainda é amaldiçoada. Qual versão você ouviu falar? Conte pro Sibita.


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