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Zine Sibita expande área de voo e pousa na web

Estudantes de jornalismo comemoram lançamento da revista cultural com arraiá


Marcos Prohmann


Permanecer apenas nas folhas amareladas de papel xerocado não foi suficiente para o fanzine Sibita. É tempo de voar na web com a mala cheia de histórias da cultura maranhense, com foco em Imperatriz e região. O “zine passarinho” nasceu em 2014, como um incentivo à cobertura cultural em Imperatriz pelos estudantes de Jornalismo. Em 2022, o zine volta como revista digital, resultado de debates com as turmas da disciplina de Jornalismo Cultural de 2020 e 2021, no campus local da UFMA. O espaço virtual tomou forma a partir das memórias do projeto do zine e ideias dos estudantes da nova geração.


Para oficializar essa conquista e chamar o público para conhecer melhor o universo cultural do Sibita, no dia 29 de junho, o Love (Laboratório de Comunicação Visual e Edição Criativa) realiza o Arraiá Cultural do Sibita, festa da expansão do modelo físico para a web, lembrando as tradicionais comemorações que ocorriam a cada edição do fanzine Sibita, ninho original do projeto.


A programação inclui uma roda de conversa sobre a história da mídia local com Roseane Arcanjo Pinheiro e Antônio Carlos Freitas, pesquisadores do Joimp (Grupo de Pesquisa Jornalismo, Mídia e Memória) e o lançamento do volume II do e-book Comunicação, jornalismo e memória, sobre as trajetórias de jornalistas de Imperatriz, organizado por Roseane Arcanjo Pinheiro, Nayane Brito, Gessiela Nascimento, Rodrigo Reis e William Castro, às 15h. Em seguida, às 17h30, o site do Zine Sibita será oficialmente lançado no clima junino, com a apresentação da estudante de jornalismo Carol Sena e palco aberto a outras participações.


A ideia da festança despertou empolgação quando foi proposta, já que, desde 2020, não havia festas culturais na UFMA. A programação do Arraiá Cultural do Sibita também inclui a exposição de trabalhos do grupo de pesquisa Love e do jornal-laboratório Arrocha, com as edições LGBTQIA+ e Gerações, das turmas de Jornalismo Impresso, coordenadas pelo professor Alexandre Maciel.


Além da decoração colorida, marca das confraternizações do Zine Sibita, a festa conta com o sabor regional das comidas típicas, como chá de burro, conhecido em outras regiões como canjica ou mugunzá, pipoca e bolo de milho.


Estudantes criam a decoração da festa de lançamento do site. (foto: Marcos Prohmann)


A festa expõe trabalhos realizados durante a pandemia e celebra um momento de retorno presencial das aulas, após os dois anos de restrições. Também é uma forma de demonstrar que em tempos difíceis, as expressões artísticas se mantêm vivas. "Os produtores culturais e artistas têm sofrido ataques e falta incentivo de setores da sociedade, e todos enfrentaram ainda uma pandemia. O Sibita, neste cenário, vem para lembrar que os artistas sempre resistem, produzindo arte", afirma a coordenadora do Sibita e do Love, professora Yara Medeiros, 44 anos.


Ninho digital


Desde 2020, primeiro ano da pandemia, o site vem sendo idealizado com a discussão do projeto editorial e a produção de textos e outros formatos, como vídeos e áudios nas aulas da professora Yara. O desenvolvimento do site é do webmaster Leonardo Varão. Alexandre Maciel, também professor do curso de Jornalismo da UFMA, atuou no projeto como editor dos textos, trabalhando com atualização e revisão técnica. “Ao lidar com este conteúdo percebi como a cultura regional é múltipla e como há tantas expressões a serem visibilizadas pelo jornalismo.”


O graduando do 7° período do curso, Marcus Marinho, 20 anos, participou da turma que pensou o novo modelo editorial, como responsável por pesquisar referências para o projeto gráfico. Para ele, a mudança do suporte físico para o digital trará mais liberdade. “Acho que o Sibita tem uma expressão incrível que vai além do papel. E que esse novo formato seja um plus para o zine mais querido da UFMA”.


Marcus não é de Imperatriz e o Sibita serviu-lhe como uma lupa, ampliando sua visão sobre o cenário cultural local. Assim como ele, a estudante do 8° semestre Maira Soares, 22 anos, também acredita nesse poder que a iniciativa tem. “Manter o site do Sibita, um espaço voltado para a cultura imperatrizense, é essencial para que as pessoas consigam conhecer as produções anteriores e os novos artistas”, afirma Maira.


Os conteúdos foram criados nas disciplinas de Jornalismo Cultural e Cinevideojornalismo. O espaço agora está aberto a outras produções dos estudantes e colaboradores. No site, o foco maior da primeira edição é nas reportagens e perfis de artistas e produtores culturais, além de entrevistas, dicas e crônicas. Produções em áudio e vídeo também integram o projeto.


Pouco a pouco a ideia é incorporar outros gêneros, como a crítica, resenhas e o jornalismo em quadrinhos. “São futuros jornalistas treinando como reportar a cultura de suas regiões e, ao mesmo tempo, contribuindo para o registro e a divulgação da produção artística”, diz a coordenadora dos projetos.


Mas que passarinho é esse?

Arraiá de lançamento, em 2016. (foto: Edmara Silva)


A origem do Sibita é o projeto Zine Experiência - revista artesanal, idealizado pela professora Yara. O fanzine dos alunos do curso de Jornalismo da UFMA de Imperatriz foi um espaço para estudantes reportarem a memória, costumes, artistas, lugares e impressões da cultura regional. A ideia começou com a proposta de um zine xerocado e semestral, que foi produzido entre 2014 e 2017.


A revista surgiu a partir de um sonho da professora Yara Medeiros de criar um fanzine universitário. “Participei de uma oficina no Enecom (Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação). Me encantei com o potencial do formato ainda estudante, nunca me esqueci, e quando tive a oportunidade, convidei os alunos a embarcarem na ideia”.


Ela conta que quando chegou em Imperatriz, em 2010, notou que a região carecia de espaços para o jornalismo cultural e o sonhado fanzine poderia ajudar a estimular a cobertura da área. “Senti essa necessidade de ter uma produção de reportagens culturais. É uma cidade muito produtiva e que precisa se ver e ser vista”.


O nome Sibita foi escolhido nas oficinas de criatividade do projeto, em 2014, como sugestão dos alunos e se tornou mais apropriado ainda quando decidiram fazer o formato na metade de uma folha A4, comprida e fina. “Alguém sugeriu Sibita Baleada, que é uma expressão para se referir a uma pessoa magrinha, e na mesma hora a sala toda começou a rir e apoiar. Foi algo orgânico. Eles decidiram que seria Sibita”.


Yara explica a transição para a internet. "Quando em 2020 fiz a proposta para turma de jornalismo cultural e apresentei o Sibita fanzine, sugeri a produção de uma revista multimídia de cultura, fiz a consulta se queriam continuar com o nome Sibita. A aceitação foi unânime e agora estamos na web", conta a professora Yara.


Lançamento do número 1, confraternizações na UFMA de Imperatriz são uma tradição do zine. (foto: Daniel Sena)


A criação do mascote também surgiu de modo espontâneo. A ilustradora Yasmin Silva criou o pássaro inspirada no sibite, ave de coloração preta, amarela e branca. Outros estudantes da época ilustraram o Sibita, como Natalia Catherine, Kelly Saraiva e Rhaysa Novakoski. Posteriormente, o projeto foi coordenado pela professora Jordana Fonseca por três edições, quando Yara se licenciou para fazer doutorado, em 2016. O zine teve até um Bloco de Carnaval, em 2015.


Bloco de Carnaval em 2015, fantasias feitas com reutilização de papel. (Foto: Arquivo Sibita)


O Sibita era todo feito em corte e cola e depois xerocado para venda. "A ideia era que participassem de todo processo de pauta, criação, diagramação, finalização e comercialização, terminando cada edição com uma festa de lançamento", relembra Yara. Nos projetos de fanzine, tudo é feito de forma artesanal, a liberdade criativa permitia que os alunos trabalhassem ilustrações regionais de acordo com suas próprias personalidades e traços. A identidade visual do site do Sibita usa as colagens originais do grupo do fanzine.


Natalia Catherine, 29 anos, estudante do Mestrado em Comunicação e integrante dos grupos de pesquisa Love e Gamerlab (Laboratório de Games, Gambiarras e Mediações em Rede) participou do zine quando era aluna da graduação e acredita que o desafio de gerar identificação com a produção visual tornou sua experiência na universidade mais viva. “Digo que antes de adentrar na universidade realmente, de cabeça, tudo era cinza. Quando a gente se doa de verdade para o curso, no sentido de ter uma visão diferente do que você quer para a vida, tudo passa a ficar colorido. E o Sibita foi assim para mim”.


Agora Natalia é a coordenadora criativa da decoração da festa do zine. Ela também ilustrou o mascote Sibita e confeccionou as edições artesanais da primeira fase do projeto. Para ela, a experiência com o zine demonstrou “a importância de valorizar o que temos dentro de casa e de trazer à tona histórias de outras pessoas, com vivências e sentimentos que, se não forem compartilhados, acabam sendo esquecidos.”


Após às edições físicas, o passarinho de cultura dos alunos de Jornalismo passa a voar nas telas dos celulares e computadores como um espaço para a cultura local e regional. Antes de mão em mão, ele agora transita de rede em rede.

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